Texto de Néle Azevedo publicado no catálogo da exposição examples to follow! zur nachahmung empfohlen!
A sustentabilidade é um conceito eminentemente político. Evoca luta diária contra a banalização e o apelo às grandes escalas, tão caros à sociedade de consumo. A contribuição do “monumento mínimo”, neste caso, é a de suscitar uma reflexão sobre os valores em evidência no mundo contemporâneo – em particular aqueles que nos distanciam, no apelo cotidiano à distinção, daquilo que nos solidariza com os outros humanos. Nós, que tanto tememos a efemeridade e a morte, vivemos perigosamente imersos em uma estética do descartável. Esta sim deveria ser a efemeridade que nos assusta – movida por um desejo permanente de diferença -; e não a que nos devolve a perspectiva de sermos comuns e finitos.
Ao suscitar outras sensorialidades estéticas, a arte traz à superfície dimensões do humano que fogem a esta lógica do espetáculo. Neste sentido, o monumento mínimo celebra a força política do efêmero e do diminuto, em oposição ao monumental e grandioso: opta pelo homem anônimo, cujo rosto pode ser tão diverso quanto a temporalidade que o anima. Se os homens de gelo nos comunicam a inevitável solidão diante do grande e do institucional que por vezes nos engole, também falam, para esperança nossa, do poder de multiplicação do mínimo. Mais ainda, falam da necessidade de resgatar a humanidade do "pequeno" nos gestos cotidianos de celebração da vida.