Néle Azevedo
09.2006
Atuar nos espaços da cidade pode se assemelhar à construção de torres abstratas e cotidianas. Longas caminhadas pelo Pari possibilitaram tecer laços entre as associações do bairro, os comerciantes, a editora e a biblioteca; entre o dentro e o fora.
As janelas da biblioteca Adelpha Figueiredo funcionam, no trabalho, como elo entre interior e exterior. Tornam-se, por um lado, suporte à internalização da paisagem e, por outro, veículo à externalização dos poemas de Orides Fontela e de Paulo Matsushita. O poema-paisagem busca, não o plano geral que se abrange num lance de vista, mas o fragmento que está carregado de significação - o discurso visual de uma comunidade sintetizado no modo peculiar como o comerciante local dispõe suas mercadorias.
Desse modo, os poemas vistos pelo lado de fora das janelas tornam-se paisagem para o transeunte e o fragmento de paisagem torna-se poema no interior da biblioteca.