Poema na instalação em linha contínua:
Primeiramente, uma partícula acinzentada, imperceptível; depois, outra. A seguir, filetes, montículos, dispersos, de luz débil, coruscante foram imiscuindo-se por entre os veios, os canais e, finalmente, as aurículas da Noite, que palpita, sangra, e agoniza. Retiram-se os animais fantásticos, os mochos, os répteis, os grifos, os crimes não confessados, os seres torturados em busca de redenção, as cenas primordiais, as imagens imprecisas da infância, os interditos, os paraísos perdidos. Um novo dia instaura-se e vamos buscar as ferramentas de girar engrenagens, colocar os pés nas pegadas do dia anterior e restabelecer os vínculos e reafirmar os Nomes. Mas qual foi mesmo o Sonho? Vamos nos dedicar a edificar o dia, mas não nos esqueçamos dessa trama, desse índice.
10.09.2004