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glória às lutas inglórias

Glória às lutas inglórias é um antimonumento realizado em São Paulo, no Páteo do Collegio, por ocasião da Virada Cultural (2007) para se contrapor ao obelisco ali existente denominado Glória Eterna aos fundadores de São Paulo. É um trabalho específico para um lugar específico.


Foi construído com mais de duzentos caixotes cheios de frutas. Um grande desenho horizontal e aberto formava um grafismo dos povos Guaranis no mesmo tamanho do obelisco ao lado. Em meio ao desenho, muitas esteiras de palha no chão criavam espaços de convivência.  Ao final da construção, o público foi convidado a celebrar através do sabor das frutas, da interação dos sentidos – a memória da vida aqui e agora; uma espécie de celebração do corpo presente na história.


Vale lembrar que foi no “Pateo” que a cidade de São Paulo começou. Ali os jesuítas da Companhia de Jesus fundaram o colégio onde os princípios do cristianismo foram levados aos povos indígenas. Hoje é uma praça rodeada por uma arquitetura neoclássica imponente, com prédios que sediam o Tribunal e a Secretaria de Justiça. No centro, o obelisco de autoria do escultor Amadeu Zani, Glória imortal aos fundadores de São Paulo.

O título Gloria às lutas inglórias  é uma alusão à canção de Aldir Blanc e João Bosco e pretende celebrar o que não é comemorado oficialmente. Portanto, celebra perdas e perdidos no processo de colonização e da  construção da cidade.

A ambigüidade do monumento – o que ele revela e o que ele esconde – fica clara ao olhar o conjunto arquitetônico da praça. Carrega o eco de nossos mortos, de uma outra possibilidade de organização de espaço, de visão de mundo, enfim, de uma outra cultura.


Procurei trazer à luz essa ambigüidade do monumento e resignificar a memória pública. Incluir o que se oculta na celebração oficial da história.

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