top of page

composição para esculturas e um corpo

Depois de trabalhar com intervenções urbanas evocando uma história coletiva, a artista Néle Azevedo concebeu uma obra em que figuras humanas de gelo suspensas por um fio reafirmam o efêmero, o trágico e o sacrificial, mas agora de um ponto de vista mais individual e intimista. “O gelo como elemento configura uma fronteira. É frio, mas o contato com ele produz calor. Sua estabilidade nos leva a uma ideia de estagnação, de morte, e a água nos remete imediatamente à vida. É um meio privilegiado de revelar as contradições que permeiam a existência humana. Percebi que podia potencializar essas questões com a presença de um corpo vivo, por isso busquei uma colaboração com Marina Tenório, em cujo trabalho encontro afinidades. Convidei também Mirella Brandi, que em sua pesquisa de luz lida com as variações da percepção e tem uma proximidade com as questões apontadas aqui”, diz Néle.

Na instalação-performance, o corpo vivo dialoga com o corpo-gelo em processo de derretimento e transformação. “Existem muitas correspondências entre como Néle Azevedo lida com o gelo e eu com o corpo. Vejo-o com algo entre o que é carne, matéria e o que são imagens, memórias, sentimentos. O corpo é, na verdade, um material fluido, que pode passar de uma qualidade à qualidade oposta. O conceito de efemeridade, que perpassa a obra de Néle, potencializa esses aspectos, questionando a própria possibilidade de se capturar um sentido e estabilizá-lo. Durante a criação foi fundamental a entrada do músico Thomas Rohrer, que tem um trabalho muito sério com a improvisação, pois ela, enquanto prática, foi uma maneira de lidar com o conceito de efemeridade”, afirma Marina.

O trabalho foi apresentado no SESC Pinheiros nos dias 13 e 14 de maio de 2017.

fotos

vídeos

bottom of page