DESLIMITE

FLUXO E FRONTEIRA

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Mostra coletiva "Deslimite - Fluxo e Fronteira", em Itú, no Espaço Tempo @espacotempo.arte

Abertura 15/11 de 16h a 20h

Exposição de 15/11 a 06/12

Rua padre Bartolomeu Tadei, 49

Centro, Itú - SP

Curadoria e produção: @sylwerneck e @eriktavernaro

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DESBORDA                                                                                                                                                                                                                                             DESLIMITE

FLUXO E FRONTEIRA

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O que é a arte se não um acontecimento que eclode a partir do tensionamento de algum limite? O ato criativo se dá exatamente porque algo nos confronta, nos impele a uma pergunta, a uma inquietação, às vezes muitas. Nem sempre se pode precisar onde ou quando a mente começou a se ocupar de uma ideia, e não raro são muitos os vais e vens que antecedem a materialização de uma obra de arte. Mas quando chega o momento da maturação, o “rebento” vem ao mundo e ganha vida autônoma, emancipada de quem o criou. Declarado obra, se insere no campo das existências produtoras de significados e passa - ao menos simbolicamente - a pertencer um pouco a cada pessoa que com ele se encontra.

O projeto Desborda / Deslimite - fluxo e fronteira não pretende circunscrever os trabalhos participantes a uma narrativa curatorial. Mais generoso seria permitir à iniciativa a mesma característica inerente às obras de arte, a de ser existência em permanente mutação.

Importa, nessa operação de diluir bordas e limites, pensar sobre os locais onde as exposições acontecem. Espaço Vitrine e espaçotempo são lugares de cultura independentes, autogeridos e sem uma programação fixa. Empreitadas que fogem da lógica do sistema de consumo, acolhem ideias na base das
corazonadas, desenvolvendo mecanismos de sustentabilidade inusuais. São espaços pequenos situados fora das zonas já validadas do circuito de arte, onde a escassez de metros dá passagem a liberdades expográficas e favorece encontros de linguagens.

Os dez artistas participantes vêm de trajetórias diversas e se dedicam a pesquisas conceitual e materialmente particulares. O encontro, longe de desembocar em cacofonia, faz surgir conversas interessantes, tanto entre os trabalhos quanto com as especificidades das arquiteturas. A diversidade de meios e temas opera em favor do conjunto, permitindo que se pontue algumas aproximações entre os processos.

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As paisagens afetivas de Mônica Rubinho nos levam a ativar referenciais de imaginação em busca de possíveis conexões com as imagens que nos chegam como quase tangíveis, mas que nos escapam, como fazem os sonhos. Também os interiores de Ana Luiza Álvarez tangenciam o que nos é conhecido, mesmo que exista ali algo que denuncia uma desordem que parece ter acabado de acontecer. Num tom mais enigmático, as colagens de Thereza Salazar rearranjam elementos retirados de seus contextos originais e jogam com percepções humanas arquetípicas.

Adalgisa Campos desenha suas percepções recusando a separação entre o corpo que experiencia e o mundo construído que é experienciado. Para Júnior Suci, o gesto cotidiano é a matéria cujo caráter performativo ele busca apreender em traços. Paulo Penna emprega o método do palimpsesto na gravura para multiplicar as possibilidades de imagens passadas em novas invenções. As polaridades e a impermanência são colocadas em discussão no trabalho de Julieta Machado, através da escolha de materiais em associações improváveis.

Sidney Philocreon trabalha com símbolos sedimentados no imaginário coletivo, problematizando ideias pré-concebidas embutidas no senso comum. Renata Pedrosa subverte tanto as noções de público e privado quanto os cânones das linguagens artísticas, tecnologias e manualidades. Néle Azevedo aborda urgências ambientais e sociais que, apesar de impactarem a todos, nem sempre encontram a devida escuta.

No conjunto de trabalhos exposto, todas as histórias são possíveis e nenhuma é mais verdadeira que as outras. Todos os caminhos são temporários e nenhum é mais correto que os outros. Todos os diálogos são maleáveis e nenhuma parte tem a palavra final. Desborda - Deslimite reivindica ser fluxo que borra a fronteira.

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Sylvia Werneck
primavera de 2025